Los años del tiburón

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O documentário Los Años del Tiburón traz imagens e sons inéditos de Astor Piazzolla, oriundos do arquivo privado da família do compositor.

Astor Piazzolla - Afiche de Los Años del Tubarón - documentário

As tensões estão em todas as relações de família, e se acirram especialmente quando envolvem personalidades complexas como é o caso de  Astor Piazzolla. Esse é um dos pontos mais fortes do documentário Los Años del Tiburón, que estreou esta semana em Buenos Aires. Os não-ditos, os silêncios, as fricções.

Áudios inéditos de Astor Piazzolla 

Uma das joias do filme de Daniel Rosenfeld são os áudios de Piazzolla, digitalizados a partir de um conjunto de fitas cassetes gravadas com ele pela filha Diana (falecida em 2009) durante o tempo em que ela viveu exilada no México, nas quais Piazzolla fala sobre praticamente tudo. Desde a infância em Mar del Plata e Nova Iorque (incluindo aí a importância do pai na aprendizagem do bandoneón), os anos nos Estados Unidos, o mítico encontro com Carlos Gardel, a separação de Dedé, primeira mulher e mãe dos dois filhos, a dificuldade de aceitação de sua obra em Buenos Aires.

Astor Piazzolla com os filhos em mar del plata

Diana, uma militante de esquerda, nunca perdoou o pai por ele ter participado de um almoço com o ditador Jorge Videla e expressa no filme o fato de nunca poder ter se permitido ser exitosa “sendo a filha do Astor”.

O filme começa com uma imagem do mar e logo em seguida um primeiro plano de uma fita cassete TDK, com a voz de Piazzolla falando sobre sua relação com a pesca.

Si no puedo tocar más el bandoneón es que no puedo sacar más un tiburón y viceversa: si no puedo sacar más un tiburón no puedo tocar más el bandoneón. Tengo que sacar una fuerza impresionante para las dos cosas. 

Astor Piazzolla pescando em Mar del Plata
El Tiburón

O  documentário não se detém especificamente nas transformacões da música de Astor Piazzolla, mas conta a briga que ele comprou no fim dos anos de 1950 e início de 1960, quando saiu do coração da orquestra típica para configurar um universo novo, com bases no jazz, na música clássica e na contemporânea.

O filme traz fatos pitorescos, como os “bifes” que o pai Nonino lhe aplicava para que ele estudasse, a decisão de queimar parte de suas partituras em um assado em  Punta del Este e um áudio no qual ele ameaça a dar uma “lição”  ao radialista Julio Jorge Nelson caso ele não parasse de fazer críticas ao seu trabalho. E termina com Astor Piazzolla emocionado tocando no Teatro Colón. Um ser “humano”, que mesmo tendo conquistado o mundo precisava fazer sucesso em casa.

Siga neste LINK a agenda de exibição 

Astor Piazzolla com a familia em Mar del Plata
Com a família em Mar del Plata- Divulgação 

O filme me lembra muito outros dois documentários: Salgán & Salgán e Bloody Daughter.  O primeiro, dirigido por Caroline Neal, retrata o complexo vínculo entre o pianista e compositor Horário Salgán, uma lenda do tango, falecido recentemente e seu filho Cesar, também músico extraordinário.

salgan & salgan divulgação filme

Leia sobre Salgán & Salgán 

O segundo é sobre a pianista argentina Martha Argerich, considerada uma gigante da música clássica.  O filme traz o ponto de vista da filha, Stéphanie, num relato intimista de família que questiona a relação entre uma mãe “deusa” e suas três filhas.

Marta Argerich e a filha. Documentário Bloody Dauhter

Leia mais sobre Bloody Daughter

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