Tango vadio: 8 olhares sobre as milongas portenhas

johanna jezernicki

Em Portugal há uma expressão chamada “fado vadio” para denominar o fado que não é feito para fins comerciais, cantado por fadistas e não fadistas, com o único objetivo de sentir o que se canta.

Tomamos emprestado o adjetivo para dar nome a uma mostra de fotografia que retrata o tango popular, espontâneo e autêntico das milongas portenhas. Tango vadio reúne 16 imagens, de fotógrafos do Brasil e Argentina, apresentadas no no Centro de Artes de Águeda, em Portugal,  durante a quinta edição das Jornadas Internacionais de Turismo.

 

tango vadio Robert Serbinenko - Brasil

Robert Serbinenko – Brasil

O nosso “tango vadio” é exatamente o oposto do tango que se conhece comercialmente e que aparece através do cinema, da televisão e dos shows para turistas. É um tango boêmio, dos lugares de baile, do abraço, da entrega, do encontro dos corpos, da celebração de estar reunidos.

Gisele Teixeira

Somos oito fotógrafos – amadores e profissionais – apaixonados por este gênero que reúne música, dança e poesia e está umbilicalmente ligado a Buenos Aires: três estrangeiros (porque o tango é do mundo) e cinco “nativos”. Diferentes olhares sobre um gênero que passa por um vigoroso processo de renovação em todos os seus âmbitos.

Tango vadio Quini Tomi - Argentina

Quini Tomi – Argentina

Na mostra tango vadio escolhemos retratar especificamente as pistas – e são mais de 200 milongas por semana na capital argentina! Tango vadio traz os lugares de afeto, de linguagem não verbal, de encontro, de resistência à falta de contato do mundo moderno, assumidos por uma nova geração também como possibilidade de reconexão com sua herança cultural.

Não é um tango novo. É o tango!

De hoje. Nosso.

 

Tango e Fado: uma viagem em poucos acordes 

 

Tango Vadio: fotógrafos participantes

 

DIEGO BRAUDE
(Buenos Aires – Argentina)

Bacharel em Artes, Diego Braude é também jornalista, fotógrafo, documentalista, professor, bailarino e DJ. Dirigiu o site Imaginación Atrapada, foi editor da Emprende Cultura e colaborou com diversos meios de comunicação, como o jornal Página / 12 e a Revista Acción. Realizador do documentário Fabricantes de Mundos (2013) e pesquisador e co-roteirista do documentário Secreto a voces (2018). As fotos apresentadas nesta mostra fazem parte do projeto Nocturno, que desenvolve há quatro anos.

Tango Vadio Diego Braude

Fotos Diego Braude

Tango Vadio Diego Braude

 

GISELE TEIXEIRA
(Caçapava do Sul – Brasil, 1969)

Jornalista, colabora de maneira independente com jornais e revistas de Brasil e Argentina a partir de Buenos Aires, onde vive desde 2008. É instrutora de tango formada pelo Centro Educativo de Tango de Buenos Aires (Cetba) e professora na Maldita Milonga há cinco, além de especialista em História Social e Política do Tango Argentino pela Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso). Editora do blog Aquí me Quedo, sobre tango e cultura argentina, declarado de Interesse Cultural pela Legislatura Portenha e coordenadora de um projeto de Experiências Tangueiras, que busca apresentar o gênero dentro do marco do turismo criativo, de um jeito personalizado e contemporâneo.

tango vadio gisele teixeira

Fotos Gisele Teixeira

 

JOHANNA JEZERNICKI
(Buenos Aires – Argentina, 1983)

Foto que abre o post e a que vem a seguir!

Apaixonada por arte, Johanna desenvolveu sua sensibilidade artística na expressão literária, corporal e musical desde pequena, de maneira constante y comprometida. Hoje explora sua arte como cineasta, fotógrafa, atriz e bailarina, com um enfoque profundo na especificidade de cada disciplina, assim como também na articulação das mesmas, buscando potencializar as linguagens e transcendê-las de maneira integral. Desde que descobriu o tango, há 20 anos, se dedica a estudá-lo, investigá-lo, dançá-lo, observá-lo e musicalizá-lo, transmitindo seu legado cultural na Argentina e no mundo.

tango vadio_johanna jezernicki

Johanna Jezernicki

 

MARCO CAVALHEIRO
(Palmeira das Missões – Brasil, 1976)

Marco Cavalheiro é professor, fotógrafo, impressor Fine Art e publicitário. A fotografia em preto e branco e a pesquisa da linguagem monocromática são seus principais interesses. A sala de aula, seja como professor de fotografia ou de inglês, é o seu lugar favorito.

Foto Marco Cavalheiro

PATRICIA ACKERMAN
(Buenos Aires – Argentina, 1953)

“Voltei para a fotografia há cerca de 11 anos, depois de ter incursionado por ela em minha juventude. E de forma explosiva! Estava interessada, e ainda estou, na fotografia de rua, observando as pessoas envolvidas em seu mundo, em encontros populares e na fotografia de teatro. Ainda estou na busca, talvez agora mais conceitualmente, interessada em um trabalho sobre a origem, o corpo, a casa, a jornada em que estamos embarcados. Sou psicanalista. Talvez isso faça com que me intrigue e interesse pelo sujeito humano de uma maneira particular. Na relação insondável com seu corpo, no desejo em um sentido amplo, e no vínculo com o outro”.

 

Fotos Patrícia Ackerman

Fotos Patrícia Ackerman

Fotos Patrícia Ackerman

 

QUINI TOMI
(Buenos Aires – Argentina)

“O jornalismo me ajudou a canalizar essa paixão por contar, aprofundar a capacidade de observação e interrogar constantemente a realidade. A fotografia é uma ferramenta fundamental como construção de relatos e o tango, como dança e atividade humana, é muito fotogênico. A fotografia conta a história de um abraço em um momento particular e irrepetível, entre duas pessoas particulares e irrepetíveis, e essa história fica para sempre, mesmo que não seja possível evitar o envelhecimento, como o resto das coisas. É a história de um instante, é a prova de que existiu, de que um dia existiram duas pessoas em um abraço. Possivelmente essa seja a explicação da minha busca por imagens: ser testemunha desse instante, olhado a partir do espaço que ocupo e habito. Quem sabe essa imagen ja estava em mim antes de apertar o obturador”.

Foto Quini Tomi

ROBERT SERBINENKO
(Belo Horizonte – Brasil, 1961)

Começou a fotografar em Nova Iorque, em 1985. Entre 1989 e 1992, foi colaborador no jornal CSMonitor, nas cidades de Nova Iorque, Rio de Janeiro e São Paulo. Mudou-se para Amsterdam em 1992 e atuou como fotógrafo de moda, transferindo-se, em seguida, para Lisboa. Suas fotos fazem parte do Relatório Anual da Cemig/1996 (Brasil), do livro Pavilhão do Conhecimento dos Mares (Expo 98 – Portugal), da representação fotográfica sobre Belo Horizonte (Expo Shangai 2010 – China) e da revista Latin Trade (Estados Unidos). Entre suas exposições individuais estão “Estados de Espírito” (São Paulo – 1991); “New York… Personagens” (Belo Horizonte – 1994) e “Amor – Entre o Real e o Virtual” (Belo Horizonte – 2000), além de participação em coletivas, no Brasil e exterior. Em 2014, produziu o vídeo que integra o projeto 100 Bandoneones, 100 Ciudades em comemoração ao Centenário de Aníbal Troilo. Em 2017, publicou o livro de fotografias Tango & Milongas, e Gardel a Troilo. Atualmente, é fotógrafo independente, dedicando-se à fotografia publicitária e documental.

tango vadio _ Robert Serbinenko

Foto Robert SErbinenko

 

TOMÁS JOAQUÍN IBARRA
(Buenos Aires – Argentina, 1957)

Tomás Joaquín Ibarra é professor de Historia Social Geral da Faculdade de Belas Artes da Universidade Nacional de La Plata. Fotógrafo especializado em Artes Cênicas, expôs em várias mostras coletivas, tanto em ambientes específicos de fotografia como em milongas e teatros. Com o tema tango, participou de uma mostra interdisciplinar com na cidade de Düsseldorf, Alemanha, em 2018, chamada “Ars Tango”. Entre outras mostras, realizou trabalho sobre afrodescendentes na Argentina, em 2017, numa exposição coletiva sobre “miradas”, no espaço fotográfico Marcelo Gurruchaga.

tango Tomas Ibarra

Tomas Ibarra – Argentina

1 Comment

  • Nadja Cavalheiro disse:

    Parabéns pela exposição! Adorei as fotos e fiquei surpresa e feliz de ver o Marco Cavalheiro participando! As fotos dele estão lindas…e conseguiu captar momentos únicos de uma maneira especial! Sucesso!

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