Degustação de vinhos: descubra a uva Bonarda!

 

Uma das minhas metas pessoais para este ano é aprender mais sobre vinhos. O que não é, digamos, uma meta sofrida! Ontem fui conhecer uma degustação específica da uva Bonarda, feita pela Bodega Nieto Senetiner, com pratos maridados.

Fui sem muita expectativa, numa segunda-feira, e eis que descubro uma das melhores de degustações de vinhos de Buenos Aires. Não somente pelas informações passadas pelo sommelier e pela bebida oferecida (é uma vinícola super renomada), mas tambem pela qualidade da comida e preço.

Por 400 pesos (pouco mais de 100 reais) eu tive aula sobre bonarda + vinho + jantar dos deuses + garrafa de presente. Excelente custo x benefício.

Dado importante: este não é um post pago. Tô recomendando mesmo! Se você quer fazer uma degustação de vinhos em Buenos Aires, leve esta em conta. A da Anuva também é muito boa. Infelizmente, não é toda a semana que eles oferecerem esta degustação. Escrevam para pmenendez@nietosenetiner.com.ar para receber o calendário.

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Agora com marca, a ser trabalhada pela Argentina

 O que eu aprendi

A degustação acontece num antigo e lindo casarão, na Recoleta, uma das casas da marca Nieto Senetiner para eventos corporativos e educativos, como este, batizado de Placeres Gourmet Bonarda. Mas há outros, como o específico sobre espumantes, um chamado ABC do Vinho, e outro de harmonização com queijos, para citar alguns.

Na primeira parte da degustação, a gente aprendeu sobre a origem e as caraterísticas da variedade Bonarda, sua situação no mercado local e seu posicionamento em nível internacional. Não sabia, mas esta é a segunda variedade tinta mais cultivada na Argentina, depois do Malbec, e uma das mais tradicionais.

bonarda argentina uva

A “cara” da uva

Chegou ao país com os imigrantes italianos e franceses e, pela sua abundância, vigor e seu baixo custo, sempre formou parte dos vinhos tintos mais econômicos. Aos poucos, começa a refinar-se e entrar para o mundo dos vinhos de alta gama. Digamos que a Bonarda está hoje na mesma fase que esteve o Malbec nos anos de 1990, começando a ganhar terreno. Em 2011, o Instituto Nacional de Vitivinicultura aceitou o nome Bonarda Argentina, reconhecendo a variedade, cultivada unicamente no País. E somente este ano foi apresentada em Nova Iorque, no mercado internacional, com esta marca de território.

Há um informe completo sobre a cepa AQUI. 

Uma das características típicas desta uva é a profundidade de sua cor, por isso é muito usada em vinhos de cortes, onde aporta intensidade cromática e notas frutadas.

É uma uva, como dizem os enólogos, de grande “plasticidade” – ou seja, se desenvolve bem em várias regiões da Argentina. No caso de Mendoza, por exemplo, se dá super bem em áreas de menor altura (o Malbec já precisa estar mais perto da Cordilheira dos Andes). Neste região, a “capital” da Bonarda é San Martín.

Os dados são de 2012, mas são os últimos que consegui.

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Igual, a variedade vem recebendo bom reconhecimento pela imprensa do mundo todo e bons pontos nas competições ao redor do mundo. Segundo os enólogos, boa receptivdade também tem a ver com o fato de a uva se adaptar aos paladares mais modernos e comidas mais leves, além de ter menor concentração de álcool, se comparado com o Malbec.

Os vinhos que eu  provei

Gente, todas as fotos são de celular e algumas estão fora de foco. Culpa do vinho! Para ver o valor dos vinhos em reais, basta dividir por 3,7 (valor pago pelo real blue em 27.10.2015). Preços estimados em Tonel Privado.

 

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Alguns vinhos da linha Bonarda da Nieto Senetiner


Espumante Cadus (método Champenoise) – A gente foi recebido com um espumante rosé, que depois voltou na sobremesa.

Emilia Malbec Bonarda 2010 – Nosso primeiro vinho foi um vinho jovem, metade Bonarda, metade Malbec, da linha mais econômica da Nieto Senetiner. É um vinho que não passa por barris de carvalho, bom para acompanhar carnes vermelhas não muito fortes, pastas com molhos suaves e queijos. Não é um vinho para guardar! Custa em torno de 85 pesos. Harmonizamos com uma entrada de mozzarella com tomates confitados, focaccia tostada, azeitonas pretas e uma coisa nova para mim, que adorei: milho frito.

Nieto Senetiner Bonarda 2006 – Seguimos com um vinho 100% Bonarda, com potencial de guarda de 3 anos. Ou seja, você pode guardá-lo por este tempo, mas o melhor é sempre tomar na metade do caminho. Neste caso, em um ano e meio, que é quando o vinho atinge seu auge. Do total do vinho, 40% do líquido ficou de  6 a 8 meses em barris de carvalho francês de terceiro uso (ou seja, não por barris novos). Harmonizamos com morcilhas grelhadas (foi a primeira vez que comi morcilha e gostei!), acompanhada de pimentão e queijo brie, reduzidos ao molho de bonarda. Custa em torno de 110 pesos.

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Debutei na “morcilla”. E gostei!

 

Don Nicanor Bonarda 2009 –  Aqui a gente já dá um salto! Este já é um vinho 100% Bonarda e que passou 12 meses em barris de carvalho francês de segundo uso, com potencial de guarda de oito anos. Perfeito para comer com um risoto de cogumelos funghi, por exemplo. Custo em torno de 180 pesos. Harmonizamos  com uma terrina de vegetais grelhados, mesclada com chorizo colorado, azeite de oliva e nozes.

Cadus 2008 Gran Vin – Bueno, nesta fase me senti princesa! O Cadus é um blend de Malbec 50%, Cabernet Sauvignon 30% e Bonarda 20%, crianza de dois anos em barris de carvalho de primeiro uso. Custa em torno de 400 pesos e tem portencial de guarda de 12 a 15 anos. Harmonizamos com peito de cerdo cozinhado ao forno por duas horas com açúcar negro, acompanhado por purê de batatas (estava demais este prato!).

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De comer de joelhos!

 

Espumante Cadus – Terminamos com um espumante para as sobremesas, um tiramisu de cacau e café e um musse de chocolate com marmelada de ameixas e sal em escamas. Gente, o que foi isso? Comi os dois! O Cadus Champenoise é um vinho de alta gama, uma mescla de Pinot Noir (70%) e Malbec (30%). Em torno de 600 pesos o brut.

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Dieta, já!

 

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