Conejo Blanco, Conejo Rojo, obra experimental do iraniano Nassim Soleimanpour, troca de intérprete a cada espetáculo e guarda segredos que devem ser mantidos também pelo público. Somente até o fim do mês de abril, no Timbre 4.
Um envelope fechado. Dentro, um roteiro. No palco, somente um intérprete, convidado a tomar contato pela primeira vez com este texto em um espetáculo único e à vista do público. Sem ensaio, sem direção. Uma mesa, uma cadeira, dois copos, uma colher e uma escada são toda a cenografia. Atores e público não podem revelar detalhes do que se passa nesta noite (não tem spoiler neste post, não se preocupem).
Estes são alguns dos temperos da experiência teatral Conejo Blanco, Conejo Rojo (White Rabbit Red Rabbit), escrita pelo dramaturgo iraniano Nassim Soleimanpour, traduzida para 25 idiomas e apresentada mais de mil vezes em diferente lugares do mundo (foi montada no Brasil em 2013). Desde o mês passado, está também em Buenos Aires, no Timbre 4.
Fui vê-la no dia da “escalação” de Darío Sztajnszrajber (♥), e foi genial.
O texto é super interessante, mas creio que o sucesso da obra vem mesmo da mescla entre a curiosidade do intérprete (não necessariamente um ator) e do público, das possíveis variantes que se dão dependendo de quem vai a cada noite, e da oportunidade de se participar de um espetáculo irrepetível. Já passaram pelo palco Claudio Tolcachir, Daniel Hendler, Marco Antonio Caponi, Julieta Venegas e Veronica Llinás.
Conejo Blanco, Conejo Rojo: confira a agenda
Importante: a proposta tem somente mais cinco apresentações:
Segunda 9 OSKI GUSMÁN
Segunda 16 DOLORES FONZI
Domingo 22 HERNAN CASCIARI
Segunda 23 JULIETA CARDINALI
Sábado 28 CECILIA ROTH
Segunda 30 RAFAEL FERRO
A trama é inspirada na experiência pessoal do autor, proibido de deixar o Irã durante dois anos por descumprir a obrigatoriedade do serviço militar. Assim como no Brasil, onde os homens maiores de 18 anos que não se alistam perdem direitos civis, Nassim teve seu passaporte negado em fução desta desobediência. Não podia viajar, mas seu texto sim. A peça serve como ferramenta para transcender as limitações de espaço, tempo e até mesmo da censura.
Depois deste espetáciulo, o autor criou Blank, uma obra com parágrafos incompletos, que em cada espetáculo precisam ser completados pelo público e atores. Foi montada em 2016, no Konex.
Conejo Blanco, Conejo Rojo
Entradas e info em timbre4.com
México, 3554