Anibal Troilo no Brasil

Foto: cenet

Anibal Troilo no Brasil

São um tesouro as gravações de Anibal Troilo no Brasil, acompanhando de sua orquestra típica completa, no ano de 1951! Nem sabia desses arquivos, que descobri por acaso pesquisando outra coisa sobre o músico, para uma matéria sobre o Dia do Bandoneón, 11 de julho, data do nascimento do bandoneonista (1914).

Troilo foi ao Brasil com uma orquestra de 15 músicos e dois bailarinos para uma turnê de 20 dias, patrocinada pela Salton. A apresentação do dia 27 de novembro, no Teatro Braz Bandeirantes,  que encerrava as apresentações, foi transmitida ao vivo pela rádio.

Anibal Troilo no Brasil1

Nesta época, Troilo tinha muito prestígio no Brasil e preparou dois “regalitos” para presentear aos paulistas. A orquestra tocou o baião Delicado, de Waldir Azevedo, que estava na moda não somente no Brasil mas também em Buenos Aires, e ainda Copacabana, de Alberto Ribeiro e João de Barro, em tempo de tango, cantada por Jorge Casal.

Encontrei estas informações no programa “A Todo Tango”, de Gerardo Quilici por Radio Dos Rosario, e também em um  programa da Radio Nacional e no site Tango Bardo.

                                          

Anibal Troilo no Brasil – som original

A orquestra estaba integrada por Pichuco, Domingo Mattio, Eduardo Marino, Fernando Tell e Alberto García nos bandoneoes; Juan Alzina, David Díaz, Nicolás Alberó e Reinaldo Nichele nos violinos; Cayetano Giana: viola; Alfredo Citro: violãocelo; Carlos Figari no piano e Enrique Kicho Díaz no contrabaixo. Os cantores eram Raúl Berón e Jorge Casal.

Escutem no áudio abaixo, a partir del minuto 68:36, La Canción de Buenos Aires e Delicado.

Pichuco também tocou no Rio de Janeiro, dividindo o palco com o trombonista de jazz norteamericano Tommy Dorsey, ambos contratados pela boate Night and Day. Mas não achei registros!

 

Quem foi Aníbal Troilo

Anibal Troilo

Para os argentinos, as apresentações são dispensáveis. Para os brasileiros, é importante saber que Aníbal Troilo é tão grande como Carlos Gardel ou Astor Piazzolla. Tanto que é chamado de “o bandoneón maior de Buenos Aires” e a data de seu nascimento, 11 de julho, decretado o Dia do Bandoneón.

Este espaço é pequeno para falar do tanto que ele foi. Um músico que fez seu primeiro espetáculo aos 11 anos, que aos 14 já havia formado um quinteto e que daí para frente formou orquestras e tocou com os melhores músicos de sua época.

Deixou mais de 70 composições memoráveis, como “Sur”, sua obra prima, “Barrio de tango”, “Pa’ que bailen los muchachos”, “Garúa”, “María”, “Romance de barrio”, “Che, bandoneón”, “Discepolín” e “La última curda”.

Uma das mais famosas é “Responso”, dedicada ao amigo e poeta Homero Manzi, com quem compôs alguns de seus melhores tangos. Faleceu em 18 de maio de 1975. Mas uma das minhas interpretações favoritas dele é neste duo dele com Piazzolla (abaixo), mortal.

Músico de enorme popularidade, Aníbal Troilo não foi um renovador ou um vanguardista como Piazzolla, mas conseguiu forjar uma relação única, profunda e afetuosa com o público. O segredo talvez seja sua muito pessoal forma de execução do bandoneón. Como sabia todas as partituras de memória, não precisava de leitura. Ele fechava os olhos e era como se dormisse sobre o bandoneón. De arrepiar.

 

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