Bailarinos de tango do Caminito entram em greve

greve bailarinos de tango

Pela primeira vez na história, bailarinos de tango da região turística conhecida como Caminito entraram em greve. Eles denunciam a precarização do trabalho, nesta que é uma das áreas mais turísticas de Buenos Aires, no bairro de La Boca, visitada diariamente por centenas de estrangeiros.

Segundo documento divulgado pela União de Bailarinos de Tango, a paralisação é nos restaurantes La Vieja Rotisería (mais conhecido como Bachincha) e Gennarino, que oferecem as piores condições de trabalho. O problema não é generalizado, é bom que se diga!

Fotos Gisele Teixeira, com execeção da que abre o post, gentileza da Associação de Bailarinos de Tango

Martín Cayesse, um dos representantes da organização, informa que atualmente sete bares e restaurantes do bairro contratam bailarinos para atrair visitantes. Em geral, as casas trabalham com dois casais de bailarinos, que se revezam das 10h às 18h, com intervalos de descanso de meia hora para cada casal.

Para esta jornada de trabalho eles recebem um básico em torno de 400 pesos (em torno de 28 reais) – o valor varia de acordo com a casa. A remuneração vem das contribuições deixadas pelos turistas, que eles preferem não chamar de gorjeta. Em um dia muito bom podem receber em torno de 2.500 a 3000 pesos, mas normalmente é menos.

bailarinos de tango caminito foto Gisele Teixeira

O bailarino conta que os donos de restaurantes os obrigam a usar o horário de descanso para passar o chapéu entre as mesas. Quando o lugar é grande, isso leva tempo, e eles ainda acabam parando para tirar fotos e conversar com os turistas. Quando terminam, é hora de ir para o palco outra vez e quase nem descansam.

No tema gorjeta, os brasileiros têm uma péssima fama. Segundo a associação dos bailarinos, os brasileiros são os que deixam as gorjetas mais miseráveis.

“Comem, bebem, tiram fotos, fazem vídeos e na hora de deixar algo para o artista, dizem que não tem dinheiro e deixam moedas. Quando o valor é muito baixo eu prefiro nem aceitar. Gorjeta não é esmola”, diz Martín.

Descanso e comidas dignas

Os bailarinos também reclamam dos lugares reservados ao descanso, muitas sujos e sem iluminação.

A comida fornecida pelos restaurantes, segundo a associação, na maioria das vezes é “pouca e ruim”, não compatível com a quantidade calórica que um bailarino precisa repor depois de dançar tantas horas. Martín comenta que a situação não é igual em todos os restaurantes, sendo que alguns oferecem melhores condições de trabalho.

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Os bailarinos seguem dançando nestes lugares porque para muitos é a porta de entrada para o baile profissional e, especialmente para os que chegam do interior, a garantia de uma comida por dia.

Resumo das demandas dos bailarinos:

  • Remuneração digna e aumento do “básico”
  • Diminuição das horas de trabalho e descansos em lugares adequados
  • Liberdade para solicitar gorjetas aos turistas ( que são a base do pagamento dos bailarinos)
  • Comidas dignas
  • Reincorporação dos bailarinos que foram demitidos por reivindicar seus direitos

Os reviews do Trip Advisor dos dois restaurantes onde há paralisação são de terror! Confiram acá: La Vieja Rotisería e Gennarino.

 

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