Estou em Brasília ate o dia 30. Aproveitei essa semana para participar das comemorações dos 50 anos da cidade, celebrados dia 21.
Varias exposições contam a loucura que foi construir a nova capital no meio do Cerrado. Entre elas, O Passageiro da Esperança, que apresenta fotos de Mário Fontenelle, fotografo oficial de Juscelino Kubitschek.
Deixo vocês com duas das mais famosas imagens feitas por ele – os dois eixos se cruzando no Cerrado ainda inabitado, feita em julho de 1957, e Lúcio Costa e JK encostados numa placa da Avenida Monumental, em abril de 1957.
Passada a grande epopéia – os anos pós JK, Fontenelle foi condenado ao esquecimento e atormentado por lembranças de um tempo de glória, em que era considerado “autoridade”. Foi-se isolando e passou a fotografar rostos desconhecidos e a fazer fotomontagens, segunda fase do seu trabalho.
Não tinha residência fixa, vivia num quarto do Hotel das Nações. Alimentava-se mal, bebia muito (cachaça e rum), não se preocupava com a saúde.
Em 1960, contraiu tuberculose. Nos últimos três anos de sua vida, doente, esquecido e abandonado, Fontenelle viveu no Lar dos Velhinhos Maria Madalena, no Núcleo Bandeirante, onde faleceu aos 67 anos. Macérrimo, o lado esquerdo do corpo paralisado por um derrame e a perna esquerda amputada, conseqüência de uma gangrena, Fontenelle acalentou seus últimos dias com a ilustre visita de Lucio Costa.
No seu sepultamento, em 23 de setembro de 1986, apenas três amigos, os fotógrafos Jankiel Goncvaroska e Sálvio Silva e o arquiteto Sílvio Cavalcante, à época, diretor do Patrimônio Histórico e Artístico do DF.
Suas fotos podem ser vistas no Centro Cultural da Caixa, em Brasília.
Gisele
Gosto muito de teu Blog, e acho que tu poderia ajudar a esclarecer algo que tenho discutido com algumas pessoas sem encontrar uma opinião muito esclarecedora:
Porque a Argentina não consegue esquecer o Peronismo? Por analogia, se o Brasil ainda discutisse e vivesse as idéias de Getúlio Vargas o nosso pais seria um atraso só. E ao que parece a Argentina não consegue deixar o Peronismo no passado.
Tu poderia por gentileza expor este tema em um post?
abraços e parabéns pelo trabalho.
Fabio, adorei a tua pergunta. Mas é a pergunta de um milhão de dólares e não tenho a resposta. Alias, não sei se è possível entender os argentinos sem o peronismo. De qualquer forma, espero abordar esse tema em breve, mas tendo como gancho um pouco de humor, em função de um livro que foi lançada aqui na feira do livro ontem.
Esteve aqui e nem deu notícias! Bueno, estarei aí em julho, com o Bruno, de passagem para San Martin. Fico 4 dias. Beijos
De fato Gisele, são estas coisas estranhas que tornam a Argentina um país tão peculiar. Nunca consegui entender como um país tão privilegiado tanto em aspectos geográficos quanto humanos patine tanto e não consiga sair do lugar.
Acho que muito do meu pensamento vem dos nossos preconceitos, mas ao que parece a arrogância do argentino médio não admite o questionamento de que o país pode estar errado em seu modelo geral.
Também penso que os anos da ditadura mlitar eliminou muitos dos pensamentos dissonantes na época. Desta forma a geração atual de politicos é bastante homogênea, e não existem opções diferentes tanto para ocupar cargos politicos como para pensar um novo país.
Abraços!
Oi Fabio, descobri que o Peronismo influenciou até na comida!!! E isso vai ser tema da minha próxima coluna no Noblat, se até lá eu não mudar de idéia.
Ah, vc não acha que falar de “arrogância do argentino médio” não é um preconceito?
Beijo
Sim, como eu mesmo disse eu acho que é um preconceito meu, baseado em um estereótipo. Os argentinos que eu conheci são educados e abertos ao diálogo.
Acho que o prejuizo da imagem que eu tenho do povo vem de um episódio que me marcou muito.
Quando a ditadura militar estava nos seu final, ela buscou uma sobrevida na Gerra das Malvinas. E foi muito impactante para mim, na época um adolescente, ver o apoio que o “argentino médio” deu para aquela guerra insensata.
Gisele, eu não entendia como um pai falava feliz e com orgulho sobre o filho que ia combater em uma terra gelada e distante. E combater sob as ordens de um governo que todos sabiam o que era. Muitas ilusões minhas cairam por terra. Não consegui entender como pessoas comuns podiam sacrificar os filhos com alegria na mesa daqueles milicos…
De qualquer forma eu sei que é preconceito. Embora as coisas não estejam correndo muito bem pelo lado de lá eu admiro a vontade e o não conformismo em aceitar a situação em que se encontram.
Estou curioso para conhecer a influencia do peronismo na culinária….
Abraços!