O aeroporto de Mendoza está fechado para a construção da nova pista e os voos originalmente programados para aterrizar ali serão desviados para San Juan, San Luis e San Rafael. Das três “cidades-santos”, a mais perto de Mendoza é San Juan. Matéria de Sílvia Backes.
Esta pode ser uma ótima oportunidade para conhecer um lugar muito pouco visitado por brasileiros. A capital San Juan não é das mais lindas se comparadas com outras cidades da região, devido principalmente à modernidade meio bagunçada das suas construções e à arquitetura anti-sísmica. Mas tem muita história, vinicultura e atrativos naturais.
A cidade foi totalmente destruída por um terremoto de 7,8 na escala Richter em 1944.
Curiosidade: foi em um evento para arrecadar fundos para as vítimas deste terremoto que Perón e Evita se conheceram, e o resto é história que até hoje é muito marcante na Argentina.
Rota do Vinho
Comece aprendendo sobre a vinicultura da região. Muitos não sabem, mas a província de San Juan é histórica produtora de vinhos, antes mesmo de que Mendoza estourasse nos mercados internacionais. Bodegas como Pulenta, Graffigna e Callia são bastante conhecidas. A província tem uma Rota do Vinho, com diferentes circuitos.
Nós optamos por conhecer a Champañera Miguel Más, de pequena produção familiar e orgânica.
Localizada no município de Pocitos, a 25 km da capital, pela mítica Ruta 40, a pequena propriedade vale a pena ser visitada para conhecer o seu nobre método champenoise de elaboração de espumantes. A degustação é muito instrutiva e deliciosa e o dono sempre aparece para cumprimentar e responder alguma pergunta com bastante simpatia. Também vale a pena colocar alguns quilinhos a mais na mala com os produtos orgânicos elaborados ali, como o vinagre balsâmico, o doce de uva e a conserva de tomate verde.
Seguindo na linha para os amantes do vinho, no centro de San Juan está o Museu do Vinho Graffigna (aberto somente de quinta a sábado), instalado na antiga bodega da empresa. É um prédio muito bonito por dentro e o museu está bem armado.
Casa de Sarmiento
A cidade tem uma referência histórica importantíssima, pois foi onde nasceu Domingo Faustino Sarmiento, jornalista, escritor e presidente da Argentina entre 1868 e 1874. Figura polêmica pelo seu afã civilizatório através da educação, mas com uma ideia de civilização baseada em valores ocidentais avassaladores.
Seu livro Facundo – Civilización y Barbarie – Vida de Juan Facundo Quiroga(1845) é um profundo retrato do caudilhismo daquela época. Um dos fatos incontestáveis é que ele deixou marcas profundas na educação pública deste país.
A casa de Sarmiento é uma das atrações da cidade – foi o primeiro monumento histórico declarado na Argentina, em 1910.
Foi transformada em um museu com móveis da época, a biblioteca dele e muito material sobre a conturbada história do século 19 na Argentina, século que ele viveu quase todo, exercendo grande influência intelectual e política.
São sete salas de exibição. Pode-se posar com ele no banco do lado de fora da casa, o que parece que dá margem para muitas fotos divertidas subidas na internet com o prócer argentino.
Onde comer – La Castellana
Um dos melhores restaurantes da cidade é o La Castellana, típico bodegón com uma oferta bem variada e que lota na sexta e sábado à noite e domingo no almoço. Tomado por reservas nesses dias, a única forma de ir é em horário mais cedo ou bem mais tarde. Entre as especialidades da casa, o “pollo al ajo”, as paellas e as lulas recheadas.
Natureza – Sierra de la Dehesa
Quanto à natureza, San Juan não deixa nada a desejar a outras capitais da região. Para uma excursão de um dia, altamente recomendável é a organizada pela Posta Inca Turismo, atendida de maneira excelente pelo Cristian, dono e guia com excelente conhecimento e qualidade humana.
Uma das excursões oferecidas vai de veículo 4×4 até a Sierra de la Dehesa na pré-cordilheira, passando por lindas paisagens ao redor da capital.
A caminhada é entre desfiladeiros com vários tons de terra vermelha, mas que neste dia da foto estavam salpicados com uma neve fininha que caiu pela manhã. Pode-se avistar águias e condores. Terminado o passeio, Cristian espera os famintos caminhantes com um delicioso piquenique feito com produtos locais.
O fim do passeio termina com uma visita a uma fábrica de azeite de oliva, uma das atrações mais bem recomendadas da cidade. Mais quilos na mala com azeites da região, famosos pelo seu aroma e tonalidade verde escuro, o verdadeiro verde-oliva.
San Juan é uma agradável surpresa, fora do circuito turístico mais conhecido, mas com uma boa oferta de atrações para dois dias.
Porém, quem tiver mais tempo, não pode perder a excursão para o Valle de la Luna, de preferência em época de lua cheia. Mas isso já é assunto para outro post…
Boa tarde Gisele!
Tudo bem?
Pretendo ir para San Juan. Estou pensando em ir de avião até Mendoza, e até San Juan de carro. Um dúvida: a estrada é boa? É tranquilo viajar a noite naquela região?
Obrigado pela ajuda!
Oi Daniel, eu fiz essa viagem tem muito tempo, não sei como andam as estradas, mas não devem ser piores que as do Brasil! Eu evitaria a noite, principalmente porque vc não conhece a estrada e porque vai perder de ver as belezas naturais do caminho. Vem sem medo!