O La Cava de Vittorio existe há mais de 10 anos e para mim foi uma super descoberta. Um lugar escondidinho, em um sub-solo da Recoleta, onde em pouco mais de uma hora aprendi para caramba sobre vinhos e fiz pela primeira vez uma cata às cegas. O espaço é especializado em bodegas pequenas e médias, vinhos de “garagem” e de autor, ou seja, rótulos pouco conhecidos mas de altíssima qualidade. São mais de 650 etiquetas.
A degustação fez parte do programa do 1° Encontro de Blogueiros de Viagens em Buenos Aires, que aconteceu no fim de outubro. Foi um evento com participação de 7 blogs do Brasil organizado por 3 blogueiros brasileiros residentes em Buenos Aires: Viagem Cult, AiresBuenos e Aquí me Quedo, que juntos (Re)descobriram a cidade.
A gente foi recebido com muita alegria e decoração temática de Hallowen. Mas o papo é serio! Abaixo, algumas dicas sobre o que aprendi.
La Malbequeria: um paraíso (quase) só de Malbec
Quanto é justo pagar por um vinho argentino?
Pra começo de conversa, vamos falar sobre preços! Você sabe melhor do que ninguém qual é o seu orçamento. Não se sinta pressionado a gastar mais em nenhuma loja de vinho! Então o melhor é ser sincero para não se arrepender na volta para casa. A partir daí o céu é o limite.
Vinhos jovens: entre 120 e 150 pesos
Vinhos médios: entre 150 e 250 pesos
Alta Gama: 250 a 4000 pesos
Igual, eu sempre “aconselho” a mesma coisa: não venha para a Argentina para tomar vinhos na mesma faixa de preço que você toma no Brasil. Aproveite para subir um degrau e provar algo melhor do que está acostumado – pelo simples motivo que aqui o vinho é mais barato que aí! Ou seja, você em toma em Buenos Aires um excelente vinho por um preço razoável e que no Brasil seria muito caro.
Degustação de vinhos: descubra a uva bonarda
Compre vinhos desconhecidos!
Os “vinhos de garagem” ou “vinhos de autor” são vinhos de pequena produção que não chegam aos grandes mercados. Sem seguir regras comerciais, são a expressão quase artística de um enólogo, que faz o acompanhamento minucioso das condições das uvas no vinhedo e de todo o processo de vinificação e envelhecimento, com intervenções inusitadas, quando necessário.
O termo apareceu no começo da década de 1990, com Jean-Luc Thunevin, um ex DJ que resolveu adquirir um meio hectares de vinhedos em Saint-Emilion, na região de Burdeos (França) e entrar para o mundo do vinho.
Ele começou a elaborar suas primeira garrafas numa garagem da propriedade (daí vem o nome), e em apenas 3 anos conseguiu que seu vinho superasse em preços os Grand Crus franceses. A história é interessante: leia mais aqui. Hoje, obviamente, esses vinhos não feitos em garagens! Mas a produção segue pequena e, por isso, é muito valorizada.
Aprenda a sentir com a cata às cegas
Não tem nada a ver com “não ver”. Pelo contrário. No vinho a gente tem que olhar tudo. A cor, as lágrimas, a pureza da bebida. A cata às cegas é uma maneira de degustar vinhos sem ver o rótulo. Ou seja, as garrafas ganham uma “camisinha” e a gente aprende a tentar “entender” e descobrir o que está bebendo em função dos aromas, da cor, do paladar. É um excelente método de treinamento para aguçar os sentidos. Entender de vinho não é magia. É treino e informação. A Claudia Zanella, que faz a cata no La Cava de Vittorio é fera nesse assunto e super divertida. Ela deixa a gente à vontade para dizer o que vem à cabeça, sem vergonha.
Fim do mito: encare vinhos com tampa de rosca
Eu tinha preconceito em comprar vinho com tampa de rosca, sem rolha. Mas eu entendi no La Cava de Vittorio que isso tem mais a ver com uma relação sentimental com a rolha, do que com a qualidade. Segundo os enólogos, hoje a tecnologia permite produzir tampas de rosca com níveis calculados de entrada de oxigênio. Deste modo, os vinhos fechados com este método conservando-se frescos por mais tempo, sem perder a complexidade e profundidade que confere o envelhecimento aos vinhos. Além disso, o custo ambiental é menor. Mas isso dá pano pra manga e o melhor seria discutir tomando um bom vinho!
Informaçoes: La Cava de Vittorio – Arenales 2321, Recoleta | 4824.0647 | info@lacavadevittorio.com
Você sempre nos dando motivos para voltar a Buenos Aires (rs). Delícia de matéria. Parabéns, Gisele!
Gostei muito do seu post e mais ainda de ter participado dessa cata com vocês. Foi realmente uma aula que tivemos lá e hoje já tomo vinho de uma maneira diferente 😉
Eu vi você ontem fazendo cara de entendida de vinho! <3
Gostei muito do seu post! A aula foi ótima e eumes o sendo eng. quimica de formacao tomei um baile nas explicações do casal. Ahahha adorei! E vc resumiu mto bem o que a gt experienciou.