Serra Gaúcha: as dicas do Aquí me Quedo

A Serra Gaúcha é linda em qualquer época do ano, mas a luz e o charme do outono são imbatíveis. Confira o nosso roteiro “alternativo” (sem Gramado e Canela).

Vale dos Vinhedos. Foto Fabiano Mazzotti

Essa seleção de dicas da Serra Gaúcha é um mix de duas viagens, uma que fiz com o Edu no ano passado e outra com toda a família, agora em abril de 2017. Na primeira, a gente foi pela Rota Romântica até Caxias do Sul, visitando também Nova Petrópolis. Na segunda, a base foi Bento Gonçalves, perfeita para conhecer o Vale dos Vinhedos, os Caminhos de Pedra e ainda as cavas de Pinto Bandeira. O que segue abaixo é um pouco do que a gente viu de mais bacana pelo caminho.

Encantada com a Rota Romantica. Serra Gaucha.

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Serra Gaúcha: O caminho (Rota Romântica)

serra gaucha rota romântica

 

O grande barato da chamada Rota Romântica, na Serra Gaúcha, é ela mesmo – o caminho. A estrada é toda emoldurada por plátanos, que agora no outono começam a ficar com as folhas em diferentes tons – amareladas, alaranjadas, avermelhadas. Com a chegada do frio e do vento, é poesia no chão.

Meu conselho: faça um mate e pegue a estrada bem cedinho, de preferencia de carro. Desligue o celular, e curta a  lindeza desse trajeto, numa viagem bem devagar. Saindo de Porto Alegre, siga pela BR-116, bem mais sinuosa que a RS-122, mas muito mais linda, até Nova Petrópolis. Lá, você decide se segue para Gramado e Canela, ou para Caxias do Sul ou Bento Gonçalves, como a gente fez.

Na ida, dirigimos apenas 127 km, mas levamos quatro horas, parando para fotografar cada cantinho e observar detalhes da natureza. Contemplar. 

Importante: é fundamental ter duas bases da Serra, “para um lado e para o outro”, porque não é tudo tão pertinho como a gente imagina. De Bento a Caxias é uma hora de carro, por exemplo.

serra gaúcha detalhe de flor

serra gaúcha estrada

 

 

Serra Gaúcha: Memorial da Colônia Japonesa (Ivoti)

Este lugar, no caminho para Nova Petrópolis, foi uma surpresa para a gente. Guarda relíquias da imigração japonesa no Rio Grande do Sul, como louças, roupas, documentos e ferramentas. O acervo foi doado pelas 46 famílias de origem japonesa que vivem em Ivoti – a maior colônia japonesa no Rio Grande do Sul. Entre as preciosidades, malas usadas na travessia que durava pelo menos 40 dias de navio. Estes imigrantes chegaram à cidade em 1966. Muitos dos primeiros colonos ainda vivem no local. A peças retratam aspectos culturais, esportivos e como trabalhavam os primeiros imigrantes.

serra gaúcha memorial colonia japonesa

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Endereço: Rua Sakura, 1.353, no bairro Colônia Japonesa. Pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h30min e das 13h30min às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h ao meio-dia e das 13h30min às 18h. A entrada é franca.

Serra Gaúcha: Perau do Encanto (Nova Petrópolis)

Em Nova Petrópolis a gente foi conhecer o Perau do Encanto, uma escola de paisagismo regenerativo (uma proposta de paisagismo com menor impacto e maior interação), capitaneada pelo Toni Backs. A escola já existe há 20 anos e funciona num lugar especial, de entorno verde e biodiverso, com bichos, cheiros, paisagem e tranquilidade que carregam todas as pilhas possíveis da gente que vive na “cidade grande”. Pena não ficar mais tempo para aprender mais!

Serra Gaúcha: Chico do Mel (Ana Rech)

Se você estiver em Caxias do Sul, não deixe de comer no Chico do Mel. Esse lugar fica bem escondidinho, mas guarda uma das refeições mais deliciosas da região, servida num antigo casarão colonial original. Para chegar à casa de Francisco Mazzochi, o Chico do Mel, não é complicado. É preciso apenas andar em linha reta desde a entrada de Ana Rech; quando acabar o asfalto e começar o chão batido, lá estará a placa indicativa. O Chico transformou a propriedade da família em parada de viajantes, local de almoços memoráveis, com sopa de capeletti, polenta, tortéi. Tudo de lamber os bigodes, por R$ 40,00 (reais) e feito com tempo e amor pela dona Teresa (esposa do Chico). Uma experiência que pode levar muita gente diretamente pra sua infância! Importante: o restaurante só abre aos domingos! 

Serra Gaúcha: Caminhos de Pedra (Bento Gonçalves)

Bento Gonçalves é a base para explorar a rota chamada Caminhos de Pedra, que concentra o maior acervo arquitetônico da imigração italiana em meio rural do país. São apenas 12 km, mas prepare-se para percorrê-lo bem devagarinho. A região serviu de cenário para o filme “O Quatrilho”, história baseada em fatos reais que se passa em uma comunidade rural no Rio Grande do Sul. São inúmeras construções ainda preservadas, que ilustram a saga dos imigrantes italianos chegados à região a partir de 1875.

O trajeto tem 18 endereços que merecem ser visitados e em geral funcionam entre 9h e 18h, diariamente. São propriedades que foram restauradas e transformadas em lugares temáticos: como a casa da Uva e do Vinho, dos doces, do tomate, da ovelhas, da tecelagem…e por aí vai. Uma das mais interessantes é a Casa da Erva-Mate, onde a gente aprende sobre a história deste produto e pode acompanhar seu processo de produção artesanal, em moinhos movidos a água.

No total são quase 50 lugares nos quais que vale a pena parar o carro, curtir, fotografar.  Ou seja,  não tenha pressa, você está em férias! Eu recomendaria três dias para Bento – um para o Vale dos Vinhedos, o outro para os Caminhos de Pedra, em terceiro para as vinícolas de Garibaldi. E sim, uma parte do dia para fazer siestas!

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Caminhos de Pedra. Foto Almir Pont

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Caminhos de Pedra. Foto Almir Pont

Uma das dicas neste trajeto é almoçar no charmoso restaurante Vanni (foto acima), que funciona numa casa de madeira e porão em pedras regulares, construída em 1935. Reserve um bom tempo para curtir a área externa, no solzinho, onde eles colocam mesinhas e espreguiçadeiras, antes de entrar para comer. Se for feriado ou domingo, vá cedo, porque lota! É meio caro, mas é bom. Pratos a partir de R$ 35,00 (não dá para dividir) – carnes a partir de R$ 60,00.

 Serra Gaúcha: Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves)

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Outro roteiro desta região é o Vale dos Vinhedos, cujo acesso principal é pela estrada RST 470. Nesse passeio pela “Toscana” brasileira, pequenas propriedades rurais compartilham o território com vinícolas de diferentes portes, contemplando desde cantinas familiares, boutiques e de garagem, assim como grandes empresas que contam com parcerias internacionais. Sem falar nos restaurantes, bistrôs, ateliês de arte e outros postos de venda de delícias como geleias coloniais.

Escolher quais vinícolas você vai visitar é uma tarefa complicada. O mapa do site oficial do Vale dos Vinhedos (acima) e disponível para impressão aqui pode te ajudar nessa tarefa. Os vinhos do Vale dos Vinhedos são os únicos no Brasil com Denominação de Origem. Uma delícia! É nesta área que está famoso Spa do Vinho, além da Miolo, Dom Laurindo, Cordellier e Valduga. 

Para espumantes, você tem ainda as vinícolas de Garibaldi, a cidade dos espumantes, e de Monte Belo do Sul. 

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Vale dos vinhedos. Foto Fabiano Mazzotti

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O passeio que eu mais de gostei de toda a viagem foi o almoço na Miolo. Como tô cansada de visitar vinícolas, aproveitei só para curtir o almoço mesmo, numa proposta que eles chamam de Wine Garden,  um wine bar a céu aberto que oferece aos turistas que visitam a vinícola um piquenique com serviço de alimentação e bebidas, além, claro, da venda de vinhos e espumantes em taça. O risoto estava a R$ 25,00 e o espumante a R$ 65,00 a garrafa. Abre aos sábados, domingos e feriados das 10:30 às 18:00, se o tempo estiver favorável.

serra gaucha wine garden miolo

 

 Serra Gaúcha: onde comer em Bento

Ninguém pode voltar para casa sem provar um galeto ao primo canto (um frango jovem temperado com sálvia, alho, sal e vinho e assado na brasa de carvão, que o deixa crocante por fora e suculento por dentro), acompanhado de sopa de capeletti, massas (spaghetti, tortéi e nhoque), polenta na chapa, queijo à dorê, maionese, radicci com bacon, salada de folhas e sobremesas como pudim, sagu e ambrosia. Sim, tudo isso!  Vários restaurantes oferecem este menú. A gente foi no Casa di Paolo e adorou!

Outra boa pedida foi o Caldeira, que embora estava bem ruidoso no dia que a gente foi, serve uma comida espetacular. Peça o risoto de camarão, peloamordedeus! Algumas porções dão para dois, especialmente se forem mulheres. Outras indicações são as já citadas Casa Vanni e Miolo. Para mais sugestões de restaurantes, indico o Destemperados

 

 Serra Gaúcha: Cava Geisse (Pinto Bandeira)

A Vinícola Geisse é um espetáculo. Foi fundada em 1979 pelo engenheiro agrônomo e enólogo Mario Geisse, chileno que veio para o Brasil em 1976, contratado para dirigir a Moët & Chandon do Brasil. Desde então, passou a investigar qual seria o local mais apropriado para plantar seus próprios vinhedos e obter o padrão mais elevado possível em matéria prima.

Geisse se deparou com a região de Pinto Bandeira, distrito de Bento Gonçalves, hoje conhecido como região dos Vinhos da Montanha, onde identificou todas as características consideradas ideais para iniciar seus trabalhos: boa altitude (800m), solo com excelente drenagem, boa amplitude térmica e posição solar ideal. Eles oferecem diferentes passeios, desde a visita com degustação, até uma proposta de percorrer os vinhedos e 4×4. O dia que a gente foi seria celebrado um casamento na vinícola e o espaço estava de cair o queixo!

3 Comments

  • Marta disse:

    Olá, vou para o RS em junho e estou compondo um rascunho de roteiro, com opção de fazer algumas mudanças inesperadas…. Adorei essas sugestões lado B. Quantos dias você acha legal separar para essa região Caxias/Bento Gonçalves?

  • Oi Marta, eu acho essa região até mais interessante que Canela e Gramado. Minha sugestão é que vc fique em Bento como base, dois dias. Um dia vc faz os vinhedos e no outro o caminho de Pedra, passando no final do dia na cave Giesse, de espumantes (fecha às 6). Te outros passeios bacanas em bento, como a Maria Fumaça, mas eu não fiz porque nao tinha mais lugar (reserve!). Nesse caso, ponha mais um dia: 3!

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