Centenas de milongueiros protestaram ontem em Buenos Aires, em frente ao Obelisco, contra o fechamento das milongas portenhas, os lugares onde se pratica o baile de tango em Buenos Aires. Entre os espaços atualmente “clausurados”, como se diz em espanhol, estão o club Sunderland, de Villa Urquiza, fundado em 1919 e um dos mais tradicionais da cidade, e Cochabamba, no bairro de San Telmo, popular entre o público jovem.
Mas o que está acontecendo com as milongas portenhas?
Desde 2015, as milongas portenhas sofrem para cumprir com as “habilitações”exigidas pelo governo da cidade (leiam matéria da agência Télam sobre o tema). Para funcionar, elas precisam ter uma habilitação de Clube (Decreto 5959, art. 4) e uma permissão para dançar (Resolução 878/06), o que exige a adequação destes espaços a uma série de trâmites e normas nem sempre economicamente possíveis, especialmente as milongas mais alternativas.
A Asociación de Organizadores de Milongas (AOM) diz que, em geral, as autoridades exigem instalações fixas de custo muito alto, como sistemas anti incendio complexos, diversas saídas de emergência e outros equipamentos de segurança, como se as milongas fossem casas noturnas com milhares de pessoas, quando na verdade funcionam em clubes de bairrro.
A situação se agravou a partir do ano passado, em função do contexto econômico recessivo e aumento de tarifas, como água, luz e gás. Sem conseguir cumprir com tantas obrigações, muitas milongas portenhas simplesmente fecharam as portas ou passaram a funcionar de forma clandestina. Ou seja, em endereços passados por email, de maneira “secreta”.
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Demandas do coletivo El tango no se clausura
- Que o governo pare com a o fechamento arbitrário de milongas e reabra os espaços culturais, particularmente aqueles relacionados com o tango tango.
- Que o Estado modifique a legislação de habilitações, atendendo à realidade das milongas e levando em conta suas diversidades, e que acompanhe os espaços para que eles se adecuem ao que for necessário sem ter que interromper as atividades.
- Que o Estado vele pela preservação e continuidade dos espaços históricos de tango e cultura, parte fundamental de seu patrimônio simbólico.
- Que o Estado fomente, promova e acompanhe a difusão e prática do tango em todas as suas formas, em todo o território da cidade. Que acompanhem as instituições educativas e artísticas, formais e não formais, que são o celeiro de profissionais da musica, dança e teatveis por manter viva esta tradição cultural.
Lei de Fomento
A Lei de Fomento às Milongas, aprovada pela Legislatura Portenha em 7 de dezembro de 2016, ajudaria em muito a situação econômica das milongas, mas ainda não foi regulamentada. Segundo a AOM, eles estão trabalhando com os técnicos do governo no ajuste do texto.
A discussão passa por dois eixos centrais: a primeira é constituição de um “Conselho Assessor”, que irá estabelecer como se repartirão os subsídios – um tema polêmico! Isso porque há muitas muitas milongas ditas “independentes” ou “infomais”, como a Milonga del Panuelo Blanco, na Plaza Dorrego, por exemplo, que não estão num espaço fechado mas reclamam receber subsídios por seus custos, como transporte, fretes de instrumentos, pagamento de balarinos. Outro assunto é a criação de um registro único de milongas na cidade de Buenos Aires.
Boa Tarde,
Como faço para encontrar milongas de fácil acesso e seguras? Vou pra Buenos Aires no próximo final de semana. Ficarei hospedada no Recoleta. Desde Já agradeço.
Oi Luana, quase todas as milongas sao seguras. Pega táxi para ir e voltar se vc estiver com medo, mas é bem tranquilo. Da uma olha na programacoa em puntotango.com.ar
Gisele,
existe alguma milonga que funcione no reveillon?
Queria um programa mais barato e menos “turista”pra passagem de ano.Me ajuda?
Oi Cláudia, no reveillon é difícil. Este ano eu não vou estar em Buenos Aires, mas segue este blog, que vai atualizando a agenda tangueira: https://puntotango.net/agenda-de-tango-en-buenos-aires-2/