Cinco homens entram no metrô de Buenos Aires, tiram da bolsa novelos de lã cor de laranja, agulha e linha, e começam a tricotar e crochetear!
“Derrubando estereótipos de gênero tecemos uma nova sociedade“, diz o material promocional que distribuem aos passageiros. São os Hombres Tejedores Argentina, um coletivo que nasceu em 2018 inspirado num movimento similar chileno e que hoje conta com adeptos em vários países, inclusive no Japão.
O primeiro grupo de homens tecedores na América Latina nasceu no Chile, em 2016, e em 2018 pipocou na Argentina, primeiro em Buenos Aires e agora em outras cidades, como Córdoba e Rosário.
Eles se reúnem uma vez por mês para tecer em lugares públicos, como parques, praças e cafés, à vista de todos.
A ideia não é somente tecer, mas transformar estes encontros em atos políticos e sociais que reflitam sobre a “opressão da masculinidade” e os estereótipos de gêneros arraigados a ela.
Uma iniciativa fundamentada no conceitos das “novas masculinidades” que surgem em paralelo com o feminismo contemporâneo. Os homens também repensam seus papéis e lugares no mundo.
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Os fundadores da iniciativa participaram esta semana do projeto Saberes Compartidos, encontros dominicais que acontecem no Museo de la História del Traje, em San Telmo.
Foi com eles que dei meus primeiros pontos em crochet! Entre uma laçada e outra, eles me contaram que o público participa dos encontros públicos é bem heterogêneo.
Gente que tecia em casa, mas tinha vergonha de se expôr, e também muitos jovens, que não tem nenhum preconceito de pegar numa agulha. Os homens de 40-50 são os mais reticentes.
Eles ressaltam que não é somente um espaço de produção de trabalhos manuais, mas também de estabelecimento de vínculos e que, se bem muitos vendem seus produtos, os encontros não possuem fins comerciais – não há produtos com a marca Hombres Tejedores. Pelo menos não ainda!
No vídeo abaixo, Javier Oliva, um dos fundadores do Hombres Tejedores Argentina, nos conta sobre o projeto.
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