Morte de Carlos Gardel: 85 anos do acidente na Colômbia

O mundo lembra hoje os 85 anos da morte de Carlos Gardel. Neste 2020 atípico, o cantor não pode receber as tradicionais homenagens e visita de fãs ao cemitério da Chacarita. Mas há novidades!

Foi anunciada recentemente a criação da Fundación Internacional Carlos Gardel, com mais de 5.000 objetos do tangueiro e digitalizados em 4k vários filmes do cantor, entre eles “El tango en Broadway” e “Tango Bar” – gravados nos estudios Kaufman Astoria do Queens novaiorquino em 1935, que podem ser vistos gratuitamente até amanhã.  “El día que me quieras” estreia remasterizada o ano que vem nos cinemas de Buenos Aires.

Também foram lançados dois livre. Um deles recupera os expedientes judiciais do acidente aéreo que matou o cantor em Medellín, em 24 de junho de 1935, como parte das homenagens dos 85 anos da morte de Carlos Gardel. O outro traz oito estudos sobre Gardel.

Fundação Carlos Gardel

Foto gentileza Fundación Internacional Carlos Gardel

A  Fundación Internacional Carlos Gardel  é de propriedade do colecionista Walter Santoro,  com o apoio das herdeiras do cantor, que cederam o direito de propriedade de todo o acervo existente. O problema é que a entidade ainda não tem sede oficial! No total, quando esta coleção puder ser visitada, a gente vai dar de cara com a enormidade de 5.000 objetos relacionados a Carlos Gardel, entre eles 1.482 fotos, 1.300 discos, documentação privada, três violões, objetos pessoais e filmes nos quais o músico atuou.  A ideia é que esse material venha a fazer parte, no futuro, de um  Museu do Tango. Por enquanto, há bastante material na página oficial da fundação e no Facebook.

Os filmes de Carlos Gardel

Cena de Tango Bar

Há muito para dizer de Gardel neste aniversário de sua morte, mas o mais importante é que Gardel  foi um visionário! Ele foi o primeiro em usar as novas tecnologias da época, o cinema e a rádio, para divulgar sua música e também uma espécie de precursor dos vídeoclipes ao fazer os primeiros curtas sonoros.

Para que a gente tenha uma dimensão do que Gardel já aprontava nesta época, pensemos que em 1930 ele inaugurou as transmissões de televisão da BBC de Londres com o curta “El carretero”, e fazia coisas como cantar por um sinal de rádio desde Nova Iorque enquanto uma orquestra tocava em Buenos Aires e o som saía junto por um terceiro sinal de rádio.

Eu não sei se vai dar para ver no Brasil, mas para lembrar os 85 anos da morte de Carlos Gardel a Fundación Cinemateca Argentina e a Fundación Gotika vão disponibilizar na plataforma Cine.Ar (uma espécie de Netflix nacional) dois materiais muito valiosos para os tangueiros: os filmes El Tango en Broadway e Tango Bar, que foram restaurados recentemente.

El tango en Broadway foi dirigido pelo francês Louis J. Gasnier, e é o segundo filme da série americana gravada por Gardel, realizada pela Paramount em Nova Iorque.  O filme tem roteiro de de Alfredo Le Pera. Nesta obra, Gardel canta os tangos “Rubias de Nueva York”, “Golondrinas”, “Soledad” e “Caminito soleado”. EStreou em 28 de dezembro de 1934 nos Estados Unidos.

Tango Bar é o último filme de Gardel. Dirigido pelo austríaco John Reinhardt, também tem roteiro de Le Pera. Gardel canta “Por una cabeza”, “Los ojos de mi moza”, “Lejana tierra mía” e “Arrabal amargo”. A estreia foi em 5 de julho de 1935, em Nova Iorque, poucos dias depois da morte do cantor.

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O livro Gardel, Vuelo Sinistro, recupera detalhes da investigação do fatídico voo que causou a morte de Gardel e de quase todos os músicos que o acompanhavam. O trabalho de investigação é do engenheiro mecânico colombiano Mauricio Umaña e sua filha e Manuela Umana e traz a tese de que o piloto da aeronave estava bêbado e não tinha licença para voar.

O livro inclui toda a documentação dos expedientes judiciais, desaparecidos em 1938, arquivos que foram recuperados há seis anos no sotão da biblioteca dos Arquivos Judiciais em Medellín e enviados ao Archivo General de la Nación na Colômbia. Além de 150 fotos, Vuelo siniestro traz um código QR que permite ao leitor ver material audiovisual original e uma simulación do choque que acabou com a vida do “Zorzal criollo”.

Leia mais sobre Carlos Gardel no nosso acervo 

O livro El Mudo del tango. Ocho estudios sobre Carlos Gardel , compilado por Omar García Brunelli, reúne trabalhos de Ema Cibotti, Oscar Conde, Omar García Brunelli, Héctor Luis Goyena, Teresita Lencina, Andrea Matallana, Ricardo Salton e Julio Schvartzman.  Esta publicación é o resultado de uma série de conferências sobre Carlos Gardel, realizadas durante 2018, coorganizadas pelo Instituto Nacional de Musicología “Carlos Vega” e o Departamento de Artes Sonoras y Musicales da Universidad Nacional de las Artes.