Roteiro Internacional – Caminho das Missões – Dia 3

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O Roteiro Internacional do Caminho das Missões foi o tema das conversas no terceiro dia de caminhada. O circuito recria os antigos trajetos que ligavam os povos missioneiros no passado. Em agosto acontece a primeira caminhada internacional, ligando Brasil, Argentina e Paraguai, em 30 dias de caminhada, 800 km e sete patrimônios culturais da humanidade.

 

No terceiro dia do Caminho das Missões foram 19,3 km entre São Luiz Gonzaga e a localidade de Laranja Azeda, no interior do município. Uma caminhada tranquila, mas de muitíssima conversa e aprendizado com a Marta Benatti, uma das sócias do Caminho das Missões Operadora de Turismo.

Ela chegou para caminhar dois dias comigo, e também para contar como surgiu essa ideia de criar um circuito missioneiro e das diversas vezes que eles tiveram que fazer o caminho até estabelecer um trajeto que fosse viável.

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Marta Benatti, uma das sócias do Caminho das Missões Operadora de Turismo.

“Falava-se muito nos caminhos que ligavam os povos missioneiros, mas ninguém tinha resgatado isso. Percorremos mais de 5000 km, em 18 meses, para conhecer a fundo o território e encontrar o melhor caminho. Sempre buscando os trajetos mais antigos e os que provavelmente tivessem ligado os povos missioneiros no passado”, conta Marta.

Marta acrescenta que nem ela nem os outros sócios na época  – Claudio Reinke, Gladis Pippi e Romaldo Melher – eram expertos em caminhadas de longa distância e tiveram que aprender isso também. “Fomos por tentativa e erro. Provando distâncias e possibilidades. Quando tivemos certeza do trajeto, começamos as caminhadas oficiais”.

A longo prazo, a ideia é que o Caminho das Missões “se independize” e possa ser feito diretamente por qualquer pessoa, sozinho ou em grupo, como acontece no circuito europeu.  Enquanto isso, vai crescendo.

O ano de 2019 marca os 18 anos da empresa e a fase de etapa de integração com a Argentina e o Paraguai. Ganha outra dimensão e entra para a história como o primeiro caminho internacional das Américas.

Roteiro Internacional – Caminho das Missões

A caminhada internacional vai interligar a reduções do Brasil, Argentina e Paraguai,  em agosto, num percurso de 30 dias. No total, são 800 quilômetros que incluem quase 20 lugares históricos, sendo sete patrimônios culturais da humanidade inscritos pela UNESCO. Somam-se a eles patrimônios nacionais e naturais dos três países formadores do roteiro.

“Pelos caminhos de terra vermelha se sente a espiritualidade presente por todos os espaços. Será um verdadeiro mergulho na base genética e cultural latina”, destaca Marta.

mapa 30 povos missoes

O circuito internacional começa em San Ignácio Guazu, no Paraguai, primeira redução fundada pelos Jesuítas (1609) e termina em Santo Ângelo, última redução, do ano 1707.

Entre os destaques, locais especialíssimos, como o primeiro observatório astronômico, a primeira impressão de livros e a primeira fundição de aço, entre outros.  O trajeto inclui três cruzadas de barca: nos rios Paraná, Uruguai e Ijuí.

Durante 170 anos, 140 mil índios passaram pelas reduções, com não mais de 60 jesuítas ao ao mesmo tempo. Das 80 reduções que chegaram a existir, atualmente sobraram 30 sítios arqueológicos.

Missões, Argentina, na época em que os sítios estavam abandonados. Coleção Eduardo Baró.

Enquanto a Marta me contava toda essa história, a gente caminhava num dia com tempo horrível, frio e cinzento, e ia ficar ainda pior!

Caminho das missoes

Chegamos para almoçar e dormir nas casa da Dona Ester e do Seu José, que nos esperavam à beira do fogão à lenha, com muuuuita comida campeira, mandioca, galinha, pudins variados. O acohimento amoroso e a gastronomia farta são dois pontos altos da caminhada. A gente chega “varado” de fome!

Aproveitamos a tarde para fazer uma siesta e responder mensagens (sim, tinha internet!). Depois, café da tarde e jantar.

Caminho das Missões. Dona Ester e seu José.

Caminho das Missões. Gastronomia.

Vários vizinhos apareceram para nos conhecer, já que “essa gente” caminhando pelas estradas de terra ainda são um mistério para os moradores locais.

Fizemos essa paradinha em “Laranja Azeda” porque não dá para caminhar direto até o sítio arqueológico de São Lourenço Mártir, que conheceríamos no dia seguinte e que chegou a ter mais de 6.000 habitantes por volta de 1731.

caminho das missões

Aproveitei para atualizar o meu diário, quentinha.

 

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